RITA LEE REFESTANÇA O PÉ FRIO DE GILBERTO GIL
O baiano Gilberto Passos Gil Moreira, ao se formar em Admistração de Empresas pela Universidade da Bahia, em 1964, fez duas opções sérias em sua vida. Trocou Salvador por São Paulo e passou a se dedicar à música popular brasileira. O sucesso chegou rápido porém lhe custou alguns dissabores. Desde o Tropicalismo suas posições artísticas e existenciais provocaram grandes debates. Por motivos políticos viveu algo tempo como exilado em Londres, quando reconheceu ter experimentado LSD mas negou ter criado dependência. Praticou macrobiótica durante cinco anos, abandonando-a “para não se tornar um fanático”. Em 75, iniciou com Refazenda o que definiu ser ”uma volta à simplicidade”. No ano seguinte participou do supergrupo Os doces Bárbaros, sendo preso em Florianópolis por posse de alguns cigarros de maconha. Seu julgamento teve repercussão nacional e, na época Gil declarou “não ter problemas de culpa”. Condenado a um ano de prisão, teve sua pena transformada em internamento em clinica especializada. Após o tratamento participou do Festival da Arte Negra da Nigéria, como convidado oficial do governo daquele país. Na volta começa a enfatizar em seu trabalho os elementos afro. Nos últimos meses seu trabalho artístico foi colocado em segundo plano pela imprensa, passando-se a discutir suas posições ou omissões políticas. Em 11 de dezembro do ano passado , esteve detido algumas horas em Belém, acusado de ter dito que a Censura “não estava com nada”. Em junho deste ano, sofreu pressões dos universitários de Salvador que o acusaram de conformista. Nesta ocasião Gil explicou: “Por não saber o que acontece nos bastidores políticos, não posso opinar se sou a favor ou contra o presidente Geisel”.
O JEITINHO BRASILEIRO NÃO FUNCIONOU
O show Refestança interrompido aos 55 minutos em conseqüência da queda parcial do cenário, é, praticamente, o maior exemplo de como não utilizar o Maracanãzinho para espetáculos musicais. Este ginásio é reconhecido como um dos espaços mais difíceis para uma distribuição equilibrada de som. No sábado fatídico, Refa-Frutti e Tutti-Vela juntos, somando um quase recorde de seis mil watts de som, padeceram o mal do “jeitinho brasileiro”, Foram obrigados a viabilizar um som, em meia hora, num estádio que exige, pelo menos, dois dias de teste. No entanto, os técnicos de som (brasileiros) que acompanha Gil e Lee não foram culpados. Tanto que nos dez minutos que precederam o esfarinhamento do cenário, o som alcançou o nível internacional quando Gil cantava Ovelha Negra. (É importante lembrar que na apresentação do conjunto inglês Genesis os gringos fizeram um som tecnicamente perfeito naquele mesmo local.) Quando a proposta do show, tudo correu bem. O objetivo é mostrar uma festa de dois artistas que, trabalhando com processos diferentes – (Gil improvisa, é músico de estrada e Rita Lee é artista que ensaia e reensaia cada canção)- procuram apresentar suas afinidades conceituais, comemorando os dez anos de aniversario de Domingo no Parque (Gilberto Gil/1967), quando pela primeira vez tocaram juntos provando que a música brasileira admite o berimbau e a mais sofisticada tecnologia, simultaneamente. (Alfredo Herkenhoff e Paulo Macedo)
A BARRA PESA MAIS RITA LEE AGÜENTA
Depois teve sua pena transformada em prisão domiciliar, e recebeu autorização judicial para voltar a se apresentar. Seu filho Roberto Lee, nasceu no dia 22 de março de 1977, pesando 2,990 gramas, de cesariana, realizada no hospital Albert Einstein, em são Paulo. O pai é Roberto Afonso de Carvalho, 24 anos, guitarrista e pianista, ex-acompanhante dos Secos & Molhados e de Ney Matogrosso. Ainda em janeiro deste ano , Rita desligou-se de sua empresária Mônica Lisboa, e pretendia montar com Roberto um esquema empresarial de autogestão. Sobre as acusações da critica conservadora que considera Rita Lee fora da realidade brasileira, mas eu quero apenas divertir o povo porque também existe a festa. Não é só se preocupar com seqüestros , essas coisas... Não tenho posição política, nuca tive. A minha é tocar pra criançada. Sou irresponsável ou melhor, só tenho responsabilidade de me mostrar. Gosto muito de criança porque criança não tem opinião formada, Graças a Deus!”
Fotos de Ricardo Belief, Marcos Vinicius e o globo.
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